Síndrome de Burnout: causas, sintomas e tratamentos
A Síndrome de Burnout (também chamada de Síndrome do esgotamento profissional ou simplesmente Burnout) é um transtorno emocional ligado ao local de trabalho, que provoca o estresse crônico do trabalhador. Esta síndrome pode ter consequências graves, tanto a nível físico e psicológico.
Esta patologia foi descrita pela primeira vez em 1969 e a princípio era chamada “staff burnout”, para se referir ao comportamento estranho que alguns policiais tinham naquela época. Mais tarde, na década de 70, o termo que conhecemos hoje foi inventado. Em 1974, o médico americano Herbert Freudenberger definiu a Síndrome de Burnout como “uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal que ocorre em indivíduos que trabalham em contato com os clientes e usuários.”
A Síndrome de Burnout é caracterizada por um progressivo esgotamento físico e mental, falta de motivação para completar as tarefas executadas, e, sobretudo, importantes mudanças de comportamento. Esta mudança de atitude, associada geralmente com “maus costumes” para os outros, é uma das principais características para identificar um caso de Burnout.
Esta síndrome geralmente ocorre com mais frequência em trabalhos intimamente relacionados com terceiros, tais como professores, profissionais de saúde ou pessoas que trabalham no suporte ao cliente e pode ser causa de licença médica, pois chega um momento em que o empregado se encontra fisicamente e mentalmente incapaz de realizar o seu trabalho.
Sintomas
Os sintomas da Síndrome de Burnout são muito semelhantes aos sintomas associados com o estresse no trabalho, em geral, no entanto, no caso de Burnout a intensidade é maior, particularmente no que diz respeito a mudanças no comportamento ou caráter. Entre eles, encontramos:
Sintomas emocionais
– Alterações de humor: Este é um dos principais sintomas da síndrome de Burnout. Frequentemente o trabalhador está irritado e mal humorado. Muitas vezes, os bons costumes desaparecem e geram conflitos desnecessários com os clientes e usuários. Estar na “defensiva” e usar sarcasmo são comuns. Às vezes, essa mudança de atitude ocorre em uma direção totalmente diferente, em que o trabalhador simplesmente mostra indiferença para com clientes ou usuários, e até mesmo para os colegas.
– Falta de motivação: O funcionário perde todo o entusiasmo para o trabalho. Metas e objetivos dão lugar à decepção e pensamento de ter que aguentar dia após dia situações estressantes que superam suas capacidades e cada dia de trabalho parece mais longo e interminável.
– Exaustão mental: O desgaste gradual que ocorre nesta síndrome, faz com que sua resistência ao estresse diminua, assim o corpo vai trabalhar mais frente os fatores que geram esse estresse.
– Falta de energia e desempenho baixo: Esta é uma consequência lógica do ponto anterior; como o corpo administra de modo deficiente os recursos que dispõe, sua capacidade de produção diminui e seu desempenho cai. Além disso, qualquer situação de estresse no trabalho prolongado ao longo do tempo, produz de médio e longo prazo um déficit cognitivo, o que pode causar perda de memória, falta de concentração e mais dificuldade de aprender novas habilidades ou tarefas.
Outros sintomas incluem:
– Agressividade
– Isolamento
– Mudanças bruscas de humor
– Irritabilidade
– Dificuldade de concentração
– Lapsos de memória
– Ansiedade
– Depressão
– Pessimismo
– Baixa autoestima
Sintomas físicos
– Doenças do sistema osteomuscular: Muitas vezes o aparecimento de dores musculares e articulares, ocorrem como resultado da tensão gerada pelo estresse no trabalho e que geralmente são causadas por contrações musculares.
– Outros distúrbios psicossomáticos: problemas gastrointestinal, cardiovasculares, desordens da pele, dores de cabeça ou enxaqueca, tonturas, alterações do apetite sexual e um aumento do risco de obesidade, entre outros.
Outros sintomas incluem:
– Cansaço
– Sudorese
– Palpitação
– Pressão alta
– Insônia
– Crises de asma
Consequências da Síndrome de Burnout
Além de todos os sintomas vistos acima, a síndrome de Burnout pode ter outras consequências, tais como:
– Maior risco de alcoolismo ou uso de drogas: Tem sido demonstrado que o estresse no trabalho aumenta o risco de comportamentos prejudiciais, tais como o consumo de álcool, cigarro ou outras drogas. Naqueles funcionários onde o consumo já estava presente, a tendência é aumentar o consumo.
– Distúrbios do sono: Como outros tipos de estresse relacionados ao trabalho, a síndrome de Burnout pode causar dificuldade em adormecer (insônia), além disso, é mais frequente que a pessoa desperte de repente várias vezes ao longo da noite.
– Redução das defesas: Esta síndrome impacta negativamente o nosso sistema imunológico, tornando-nos mais propensos a doenças infecciosas exteriores. Além disso, um sistema imunológico mais fraco irá prolongar a duração das infecções uma vez contraídas, e podem até mesmo causar situações mais graves.
Além disso, as consequências da síndrome de Burnout se estendem além no ambiente de trabalho e afetam sua família, amigos e parceiros, podendo até causar perdas econômicas significativas para as empresas.
Causas da Síndrome de Burnout
Qualquer uma das seguintes causas pode desencadear esta síndrome, especialmente quando ocorre por longos períodos de tempo e numa base contínua:
– Trabalhos relacionados ao atendimento ao cliente ou usuários: Ocorre em aqueles postos de trabalho onde o trabalhador é submetido a um contato contínuo com clientes ou usuários, e atende a um grande número de queixas, reclamações ou pedidos por parte dos mesmos. Isso pode gerar altos níveis de estresse no trabalho e, finalmente, pode acabar afetando seu comportamento. Na maioria dos casos, um cliente insatisfeito ou a insatisfação com o serviço prestado é geralmente muito desagradável e isso pode acabar “contagiando” a conduta do trabalhador.
– Alto nível de responsabilidade: Alguns empregos exigem um alto nível de atenção e concentração na tarefa executada. O menor erro pode ter consequências desastrosas. Um exemplo seria uma equipe médica, cujas mãos muitas vezes dependem a vida de um paciente. Essas são profissões sujeitas a altos graus de estresse e, portanto, propícias a sofrer de síndrome de Burnout.
– Jornadas de trabalho ou “turnos” muito longos: Outra causa são as longas jornadas de trabalho. Trabalhos onde o empregado deve manter-se em seu posto por 10, 12 e até 16 horas, podem aumentar drasticamente a chance de desenvolver esta síndrome.
– Trabalhos muito monótonos: Paradoxalmente, trabalhos repetitivos ou que faltam incentivos também podem causar a síndrome de Burnout. O trabalhador não encontra qualquer motivação no que você faz e isso causa frustração e estresse. Ninguém gosta de gastar centenas de horas por mês realizando uma atividade que não o motiva e isto causa um desconforto.
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Tratamento para a Síndrome de Burnout
A chave para o tratamento da Síndrome de Burnout é detecta-lo em seus estágios iniciais, por isso quanto mais rapidamente identificar o problema, mais fácil será mantê-lo sob controle.
Claro, a iniciativa do tratamento pode vir do próprio trabalhador, como da empresa ou instituição para a qual trabalha, por isso é importante que exista uma boa comunicação entre ambas as partes e que se estabeleçam mecanismos necessários para detectar este problema numa fase inicial, seja através da realização de questionários ou da medição dos níveis de cortisol do empregado.
Em primeiro lugar, as técnicas de relaxamento como a meditação ou a ouvir música suave têm demonstrado a sua eficácia na redução da ansiedade e melhora da maneira em que os trabalhadores enfrentam a síndrome de Burnout. De fato, há evidências de que tais práticas aumentam a atividade de áreas do cérebro responsáveis pelas emoções positivas, por isso a prática regular fará que o trabalhador encare os problemas de uma forma muito mais produtiva.
Em segundo lugar, não devemos esquecer a parte física do problema. O estresse tende a gerar tensão muscular em determinadas áreas do corpo, como os ombros ou pescoço, que a médio e longo prazo podem levar ao aparecimento de espasmos musculares, hérnia de disco e outras lesões, ou agravar estas situações. Portanto, é importante realizar determinadas técnicas e exercícios anti-estresse como parte da rotina diária (e até mesmo como parte da rotina de trabalho, se possível).
Em terceiro lugar, a prática de qualquer esporte (sempre adaptado à condição física do trabalhador). Foi demonstrado que os esportes e exercícios físicos reduzem significativamente os efeitos do estresse sobre o corpo. Os esportes nos mantêm ativos, melhoram a saúde do nosso coração, músculos e ossos, além de ajudar a nos desconectar de nossos problemas enquanto praticamos.
Em quarto lugar, não podemos esquecer os enormes benefícios que a ajuda de um profissional pode oferecer. Assim, a terapia psicológica, seja individual ou em grupo, pode fazer com que o trabalhador desenvolva mecanismos eficazes para lidar com essas situações que causam estresse e ansiedade. O tratamento com antidepressivos também pode ser indicado.
Finalmente, manter um estilo de vida saudável, evitando álcool ou cigarro e dormir o suficiente são apenas algumas das dicas que podem ajudar a combater o estresse e a Síndrome de Burnout.
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Mais informações
Para tratar e combater essa condição, é importante também avaliar o quanto as condições de trabalho estão afetando sua qualidade de vida e sua saúde física e mental. Se for o caso, busque outras motivações nas atividades do trabalho ou até mesmo outros objetivos profissionais.