Pesquisas sugerem que a maneira como uma mulher passa pela gravidez e o parto é de vital importância para o relacionamento da mãe com seu filho e suas futuras experiências de maternidade. Infelizmente, estamos atualmente em uma era caracterizada pelo aumento da intervenção obstétrica e cesariana, apesar das novas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal, que entraram em vigor ano passado. No entanto, cabe as mulheres conversarem com seus médicos sobre a possibilidade de terem um parto normal sem que haja riscos.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o país campeão de cesarianas e não há razões para isso. Como qualquer tipo de cirurgia, uma cesariana só deve ser realizada em casos de necessidade, seguindo as normas da ANS.
Optar por um parto normal, sem intervenções, permite que uma mãe se sinta completamente no controle de sua experiência de nascimento e tem muitos benefícios para a mãe e o bebê.
O que é parto normal?
O parto normal é quando uma mulher escolhe dar à luz sem usar medicações ou intervenções. Em vez disso, ela usa técnicas como respiração controlada e posturas de alívio da dor para lidar com as dores de parto. Com o parto natural, a mãe está no controle de seu corpo, e ela é guiada através dos médicos para que tudo ocorra da melhor maneira. As mulheres que abordam o parto como um evento natural acabam se sentindo fortalecidas pela experiência, e pesquisas mostram que as mulheres que se sentem no controle durante o trabalho de parto sentem-se mais satisfeitas com o resultado.
De acordo com uma pesquisa publicada na Yale Journal of Biology and Medicine, o parto normal é um sistema de preparação intelectual, emocional e física para garantir que as mães desfrutem de uma gravidez e um parto saudável e feliz.
Benefícios do parto normal para mãe e o filho
1 – Evita intervenções
Um dos principais benefícios do parto normal é que você evita as intervenções de um nascimento convencional. Sem se familiarizar com estratégias para lidar com a dor, as mulheres acabam optando por uma anestesia epidural para evitar a dor. Quando uma mulher passa por uma anestesia epidural, uma pequena quantidade de anestésico é injetado no espaço epidural que envolve a medula espinhal. O anestésico entorpece os nervos espinhais e bloqueia os sinais de dor, que levam a efeitos colaterais, que podem incluir uma queda na pressão arterial e febre.
Os nascimentos também levam mais tempo quando uma anestesia epidural é usada, e podem tornar mais difícil para alguns bebês obter a melhor posição para o nascimento. Por esta razão, pesquisas mostram que quando uma mulher tem uma anestesia epidural, é mais provável que o bebê precise da ajuda de instrumentos que usam a sucção a vácuo ou fórceps.
Uma anestesia epidural é tipicamente a primeira intervenção durante o parto, e pode levar a mais intervenções quando necessário. O corpo de uma mulher é projetado para dar à luz naturalmente, e seus hormônios ajudam a facilitar o parto. Um dos hormônios mais importantes é a oxitocina, que é responsável por estimular as contrações. A oxitocina ajuda naturalmente nos progressos do parto, mas quando é utilizada uma epidural, a produção de oxitocina natural é inibida, resultando na redução das concentrações de ocitocina no plasma.
As anestesias epidurais também podem retardar o processo de trabalho de parto, isso leva ao uso de pitocin ou syntocinon, que são formas sintéticas de oxitocina, para induzir ao parto. Um estudo publicado no Journal of Clinical Anesthesia, revelou que os pacientes que têm seus trabalhos de parto perdidos pela analgesia estão em maior risco de cesariana do que os pacientes que entram em trabalho de parto espontaneamente.
Cirurgias cesarianas resultam, após o parto, em maiores dores, incluindo dor de cabeça e dor nas costas, bem como aumento do risco de hemorragia e ruptura uterina. Além disso, as mães estão em maior risco de lesão na bexiga e infecção da bexiga ou incontinência pós-parto.
As cesarianas também representam um risco para o bebê. Pesquisadores do Hospital Ninewells e da Faculdade de Medicina do Reino Unido relataram uma incidência 69% maior de mortes fetais em cirurgias de cesarianas, em relação aos partos normais. Há também uma chance de laceração fetal, dificuldades respiratórias e transição inadequada para o nascimento.
2 – Permite que você se mova livremente
Permanecer deitada de costas durante o trabalho de parto pode resultar em contrações de má qualidade, distocia, dilatação lenta e um trabalho de parto prolongado. Além disso, aumenta a taxa de cirurgias cesarianas por causa de sofrimento fetal ou incapacidade de progredir com as contrações. O repouso após uma anestesia epidural é necessário porque as pernas da mulher estão dormentes e há um risco de queda, e as mulheres devem ser monitoradas para ter certeza de que sua frequência cardíaca não está caindo. O repouso na cama pode causar mais dor, necessitando do uso de medicamentos.
Pesquisas mostram que o movimento irrestrito durante o parto permite à mãe encontrar uma posição que seja mais confortável para ela. Descobriu-se que isso diminui a dor materna, facilita a circulação materna e fetal, aumenta a qualidade das contrações uterinas e facilita a descida fetal. Posições como ficar com o joelho no peito podem reduzir a dor nas costas relacionadas à posição fetal posterior, e o uso de medicamentos para o alívio da dor.
3 – Permite que você coma e beba
Uma pesquisa da American College of Nurse-Parteiras indica que a falta de suporte nutricional durante o parto pode causar desidratação materna, cetose, hiponatremia e aumento do estresse materno. As mulheres que dão à luz naturalmente em um centro de parto ou hospital são capazes de comer e beber livremente, o que sustenta seus níveis de energia durante e após o trabalho de parto.
4 – Inicia o aleitamento materno com mais facilidade
Uma criança pode ser afetada pelo trabalho de parto e medicamentos usados durante o nascimento de uma forma que prejudica o início da amamentação. O processo natural de parto prepara a mãe e o bebê para amamentar. As práticas de nascimento, incluindo trabalho induzido, intervenções de rotina e a separação da mãe e do bebê interrompem o processo de amamentação precoce.
Pesquisas mostram que a forma como o nascimento prossegue influencia poderosamente nas primeiras horas e dias de amamentação. O nascimento normal e natural facilita a amamentação e evita problemas, enquanto que o parto complicado e as intervenções, estabelecem o cenário para dificuldades com a amamentação.
5 – Faz você se sentir no controle
É bem conhecido que o senso de controle de uma mulher durante o parto está relacionado a uma experiência positiva de nascimento. Em uma análise de conceito, a ideia de controle durante o parto foi avaliada. Os pesquisadores descobriram que as mulheres descreveram principalmente o controle em relação à função corporal e dor. Sua capacidade de lidar com a dor e outras dificuldades foram uma fonte de satisfação que contribuiu para suas experiências positivas.
Quando uma mulher se sente assumindo o comando de seu parto, isso faz com que ela se sinta mais capaz de dar à luz naturalmente, e dá-lhe uma sensação de satisfação. E depois do nascimento, ela se sente orgulhosa da experiência. Mesmo se você acabar precisando de algum tipo de intervenção, o fato de que você fez parte da decisão e do controle de sua experiência contribui para a sua memória positiva do nascimento.
6 – Envolve seu parceiro
De acordo com um estudo de 1999 publicado na revista Midwifery, o apoio fornecido pelo parceiro masculino durante o parto promove respostas muito positivas para eles e para as mulheres. Um parto natural permite que o seu parceiro se envolva no processo, ajudando-a com o alívio da dor. Estratégias simples como aplicar pressão a sua parte inferior das costas e quadris durante uma contração, além de outros auxílios, podem ajudar nas posições e na descida fetal.
7 – Fortalece a saúde do bebê
Este é outro dos grandes benefícios do parto normal. Pesquisadores da Universidade de Columbia (EUA) sugerem que interver no parto normal pode aumentar o risco de doença celíaca, asma, diabetes tipo 1, doenças auto imunes e obesidade na criança. Isso porque durante um parto vaginal, bactérias e os micro-organismos existentes no canal vaginal estimulam o sistema imunológico do recém-nascido e evitam doenças e problemas de saúde.
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Mais informações
Planejar um parto natural prova que você está focada em proporcionar a experiência mais saudável para seu recém-nascido. Por isso, converse com seu médico sobre essa possibilidade e prepare-se para um experiência incrível e única!